Postado em 1 de maio de 2023

A Pedagogia do Diálogo Criativo

Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais

 Estudiosos apresentam diferentes perspectivas sobre essa onda de estupidez que estamos vivendo, inclusive com ataques às escolas. Chama atenção as análises que colocam o aumento do medo, como um dos fatores dessa crise. O excessos de informação e inseguranças, tem gerado uma verdadeira epidemia de medo e ódio, que se desdobram em um ambiente de intolerância. “Não há futuro sem medo, mas há medo que não nos deixa ter futuro”, e essa ausência de perspectiva futura que apavora e amedronta.

A coragem não é ausência de medo, mas capacidade de enfrentá-lo, sendo a Pedagogia do diálogo criativo uma eficiente e bela maneira de realizar esse enfrentamento. Pedagogia entendida como a arte de conduzir, despertar. Diálogo entendido como disposição em ouvir e aprender com o outro. Criativo, como a capacidade ser autêntico e inovador.

A pedagogia do diálogo criativo não é conversação tumultuada, sem o pensar e o refletir. Não é uma instrução professoral, onde os estudantes se mantém calados e passivos. Muito menos é discussão, pois a discussão gira em torno da defesa das próprias opiniões, onde o outro é visto como alguém a ser derrotado, destruído pela lógica da competição.

Para que ocorra a vivência de uma pedagogia do diálogo criativo é necessário derrubar bloqueios, como: A cultura da indiferença, onde o outro nada significa, como se não existisse. A instrumentalização egoísta do outro, pela qual o outro passa a compor uma massa de manobra nas teias de discursos extremistas.

A pedagogia do diálogo criativo considera a diversidade como base para ações inovadoras, “onde não couber distinção haverá extinção”. Leva ao acolhimento, a abertura ao outro, atributo de pessoas amadurecidas e equilibradas emocionalmente. A mais refinada filosofia, ensina que a vida consiste em um ato dialógico, uma forma de estar-para e, de estar-com o outro, em um autêntico gesto de comunhão.

A pedagogia do diálogo criativo é sinônimo de transparência, que significa libertarmo-nos das máscaras e subterfúgios. É ter empatia, capacidade de se colocar no lugar do outro: sentir o que ele sente. Ter compaixão, capacidade de compartilhar a paixão do outro e com o outro. Assumir o respeito à diversidade, compreendendo que as diferenças existem para que possamos ajudarmo-nos em nos complementar mutuamente.

O desafio de se praticar a Pedagogia do diálogo criativo, é o de admitir o risco de não ver prevalecer somente seu ponto de vista, ou de perceber que, para além das opiniões que se opõem às pessoas entre si, exista um lugar comum, sendo necessário para alcançá-lo, desenvolver outra percepção e compreensão. É procurar onde cada um pode se identificar com o outro, criando-se a base para convivência na diversidade.

Praticar a Pedagogia do diálogo criativo é tarefa da família, das diferentes organizações, instituições e, de todo o conjunto da sociedade; porém a escola, por ser espaço plural, é campo fértil para se praticá-la. A aula é um momento privilegiado para refletir sobre o diálogo criativo em um ambiente alegre e respeitoso.

Considero condição primeira para o exercício da pedagogia do diálogo criativo, a capacidade de desenvolver a interioridade, o silêncio, o recolhimento, já que não poderei compreender o outro se, não me possuo; se não me salvo da dispersão do barulho, da imperatividade e, dos excessos. A plenitude do diálogo está na conservação da autonomia da pessoa e, seu dinamismo está no ato permanente de amar.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Roberto Camilo Órfão Morais
Professor
Professor de Ciências Humanas do Instituto Federal Sul de Minas - Campus Machado.



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